Queridos futuros leitores,
Samba Perdido é um livro que acompanha duas buscas por identidade. A primeira é a minha enquanto filho de um sobrevivente do holocausto e de uma judia Londrina na colorida Zona Sul carioca dos anos sessenta, setenta e oitenta. A segunda é a de uma geração que atravessou a ditadura militar para depois enfrentar uma das piores crises econômicas que o país já viveu. As páginas que aparecerão pingadas em capitulos neste blog, são uma homenagem a esses meus companheiros de viajem.
Por uma perspectiva pessoal, semi-estrangeira, tentei dar um depoimento fiel da festa que foram os anos setenta no Rio de Janeiro e da ressaca que veio depois, nos anos oitenta. Vivi a época intensamente, o que me fez arrogar a escrever um livro de memórias. No pano de fundo destes acontecimentos estava o nascimento do mais longo ciclo democrático que já aconteceu no Brasil. O livro está repleto de anedotas, “causos” e reflexões. Devido a meu passado de violeiro e ao clima daqueles tempos, o leitor encontrará um viés musical percorrendo a narrativa.
Aqui cabem três agradecimentos especiais. O primeiro vai para Oliver Marshall, autor e historiador da Kings College de Londres. Talvez graças ao seu parentesco com o autor Austríaco, depois radicado no Brasil, Stephan Zweigg, resolveu me apadrinhar e editar o livro original em inglês, Lost Samba. O segundo agradecimento vai para o tradutor Evandro Veiga, fiel e competente escudeiro na aventura quixotesca de reescrever o livro na língua em que foi vivido. O terceiro vai para meu amigo de longa data, o falecido Fred Gouveia, que editou o a versão em português, e que, por ter passado por experiências parecidas, trouxe mais vida ao escrito. Acima de tudo, estes três me fizeram acreditar no projeto.
Mais do que um relato pessoal em um Brasil que está em risco de extinção, Samba Perdido é um depoimento universal sobre o que acontece quando trilhamos caminhos em territórios desconhecidos e das descobertas que fazemos ao nos abrirmos para o que o universo nos oferece. Embora tenha começado a escrevê-lo quando morava em Jerusalém, este não é um livro sobre judaísmo, mas certamente é um livro sobre um judeu. Ele versa sobre a dança da vida, sobre pessoas – e do que elas têm a oferecer – independentemente da engrenagem em que estão imersas.
Finalmente, gostaria de fazer o quarto agradecimento a Mauro Nadvorny por me oferecer este espaço, lhe mandar um grande abraço e lhe dar parabéns por esta iniciativa de desenvolver uma narrativa diferente para nossa comunidade no Brasil.
Espero que curtam o livro, amor fraternal,
Richard