Estamos assistindo dentro da comunidade judaica do Rio de Janeiro o descalabro de mais uma instituição que ao contrário da Hebraica que é apenas um clube social, desta vez tem a autoridade representativa da comunidade carioca, a FIERJ (Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro).
No Brasil, a entidade máxima da comunidade é a CONIB (Confederação Israelita do Brasil), e a ela estão filiadas as federações israelitas dos estados, que por sua vez representam as comunidades locais.
A CONIB achou por bem encaminhar um documento aos dois concorrentes à presidência da república, onde em resumo, fazia a defesa do respeito à democracia. Em nenhum momento, como era de se esperar, a CONIB expressou qualquer agravo, ou desagravo a nenhuma das candidaturas.
Eis que, o Sr. Ary Bergher, presidente da FIERJ, encarregado de fazer a entrega da manifestação ao representante do PSL, faz disso um ato de apoio da comunidade judaica ao candidato do partido.
Esta atitude combina um ato de falsidade ideológica com apropriação indébita. Ele não recebeu mandato da CONIB para apoiar um candidato e tampouco era o dono do manifesto. O que assistimos foi o mensageiro se assumindo o responsável pela mensagem.
Como nada está tão ruim que não possa piorar este mesmo senhor em meio a um evento na já famigerada Hebraica-RJ, agride uma senhora de 88 anos por banalidades e ofende outros tantos membros da comunidade que lá estavam.
De certa forma já estamos assistindo no Brasil atos de violência inomináveis, inclusive com mortes e todos relacionados com a campanha política do PSL.
O que ainda não havia acontecido, e talvez seja esta a grande novidade, é que eis que nas nossas próprias instituições, a violência já bate a porta vinda justamente daquele que foi eleito para representar toda uma comunidade.
O Sr. Ary Bergher é apenas o primeiro a colocar as mangas de fora, mas certamente não será o último, principalmente se a comunidade carioca não tomar as providências cabíveis dentro do que está previsto no estatuto da federação.
Também é preciso que a CONIB não se omita e se manifeste em favor do respeito à democracia, objeto de seu manifesto, e da dignidade que dirigentes comunitários precisam ter respeitando a todos.
Nós, judeus brasileiros agradecemos.