(e o nazista venceu)
O processo contra Elwanger foi intenso, longo e doloroso. Todos nós do Movimento Popular Anti-Racismo colocamos nosso tempo e disposição na luta por sua condenação exclusivamente movidos por um ideal. Nunca buscamos agradecimentos ou qualquer tipo de recompensas.
Durante o processo, que a bem da verdade foi provocado por nós, mas movido pelo Ministério Público tendo a mim, representando o Mopar, e a Federação Israelita do RS como assistentes de acusação, tivemos momentos de trabalhos em conjunto e momentos de divergências.
No entanto, ao final do julgamento, quando foi finalmente alcançada a condenação do nazista, a FIRGS publicou um jornal onde não obstante autoproclamar-se como única entidade a trabalhar na sua condenação utilizou um artigo para atingir desnecessariamente a honra de membros do MOPAR.
Solicitamos o direito de resposta, o que nos foi negado. Pedimos uma retratação e nos mandaram procurar nossos direitos. Como última alternativa entramos na justiça pedindo uma reparação contra a jornalista responsável pelo jornal, conforme exige a lei. Nunca solicitamos qualquer pagamento em dinheiro, e o propósito sempre foi o de buscar a reparação da verdade sobre o caso Elwanger.
Na defesa da jornalista responsável pelo jornal atuou Helena Noiman Santana, juntamente com seu pai Hélio Noiman Santana, responsável pela assessoria jurídica da FIRGS. Julgado o mérito, a justiça decidiu que fomos de fato ofendidos, mas que a ofensa não merecia reparação. Mais do que isso determinou o pagamento de R$ 14.000,00 (catorze mil reais) para Helena e Hélio, nenhum centavo a jornalista e nenhum centavo aos advogados dela que não quiseram receber seus honorários. Mas o que mais surpreende é o fato de Helena renunciou a causa antes do seu término. Ao saber do resultado na justiça entrou com uma ação de cobrança penhorando meus bens em consignação ao pagamento.
Nesta situação estamos diante de uma enorme ironia: os únicos que pretendem ter um ganho financeiro com a condenação de Elwanger serão eles, nossos detratores já que o artigo em questão foi escrito, dizem, por Hélio Noiman Santana. Como nos parece estarmos diante de uma grande injustiça, e a fim de preservar nossa dignidade e a correção de todos nossos atos no caso, informo aos amigos que não pretendo pagar e prefiro ir para a cadeia. Assim sendo, para que a ironia do destino seja completa e para alegria do nazista serei eu a única pessoa a ser realmente presa no caso Elwanger.,
Assim termina este capítulo da luta contra o racismo. O condenado livre, e o denunciante preso.
PS: quem desejar se manifestar, por favor, envie e-mail para a Federação Israelita do RS: firgs @firgs.com.br aos cuidados de seu presidente: Abrahâo Finkestein.