O eterno círculo de violência se mostra ativo mais uma vez. Semana passada, numa ação militar Israel tentou prender um terrorista e acabou tirando a vida dele juntamente com a de mais cinco civis em Tul Karem. Hoje, um terrorista suicida se explodiu em Beer Sheva ferindo dois guardas, um gravemente que luta por sua vida enquanto escrevo este artigo.

Somente os ingênuos imaginavam que a retirada de Gaza fosse trazer os dois lados a mesa de negociações. Somente os idiotas imaginavam que a retirada dos colonos fosse impedir novas ações de violência.

A saída de Gaza ainda não surtiu efeito algum. Sharon já colocou muito mais colonos na Cisjordânia, do que retirou de Gaza. O cerne da questão, a criação de um Estado Palestino dentro das fronteiras de 67 continua sendo negada. Enquanto isto não acontecer, nunca haverá paz na região.

O Estado Palestino precisa ser viável e trazer condições de desenvolvimento para seus habitantes. Somente com o crescimento do emprego os palestinos poderão deslumbrar um futuro, e com isso deixarem de lado o fundamentalismo islâmico que para muitos é sua única fonte de sustento, seja através de ajuda financeira, seja através da doação de alimentos para a subsistência de suas famílias.

Sharon está diante de um impasse. Pode dar um grande passo em direção a Paz e com isto escrever seu nome no Hall dos Estadistas Mundiais, ou olhar para traz e continuar exigindo da AP que atue contra os extremistas, como se tivessem condições de fazê-lo.

Sharon pode escolher entre a vida e a morte de milhares de pessoas. Se prosseguir buscando um acordo, sem se deixar cegar pelos atentados terroristas, vai estar garantindo o direito a vida de muitos israelenses e palestinos. Se optar por fechar a porta e aguardar que os terroristas se extingam, vai estar convidando a morte a ceifar vidas inocentes.

Nunca gostei de Sharon, e nunca escondi isso. Minha opinião sobre ele não mudou. No entanto o fato de ter realizado um passo importante na solução do conflito me é o bastante para parabenizá-lo. Agradeço em nome da todos os que lá tombaram cujas almas seguramente agora vão poder descansar. O cumprimento em nome daqueles que finalmente vão poder experimentar a liberdade de viverem sem a presença de um exército de ocupação. De se locomoverem livremente dentro de suas fronteiras. De terem de volta suas terras roubadas e entregues a colonos de outro país.

As feridas da retirada logo vão estar saradas. Além de uns poucos milhares de fanáticos, a maioria dos israelenses apoiou a saída de Gaza. O levante das massas ficou unicamente nos devaneios de um grupelho extremista que até o último momento aguardou por uma providência divina. Pelo visto, até mesmo Deus discordou deles.

As coisas logo vão voltar ao que eram antes. Todos precisam tocar suas vidas. Nós do campo da paz vamos continuar lutando por uma solução global que permita aos dois povos se reconciliarem e se desenvolverem sem guerras.

Colonos da Cisjordânia, vocês tem que sair!