Depois dos acordos de Oslo, israelenses e palestinos abriram as portas da felicidade. Inimigos do passado acordaram uma forma de transição da guerra para a paz. Seus protagonistas, em reconhecimento aos seus esforços, foram laureados com o Premio Nobel da Paz.
Imediatamente começou a retirada israelense de territórios e cidades da Cisjordânia e Gaza, que foram ocupadas pela Autoridade Palestina. Yasser Arafat, fazia a transição das armas para dirigir seu povo como autoridade constituída. Isso era o que o mundo enxergava.
Aquilo que ninguém estava vendo, ocorria nos bastidores. Em Israel instigado pela direita israelense, que o chamava de traidor, Itzhak Rabin era assassinado. Ao invés de dar inicio a retirada de colonos dos territórios, permitia-se o crescimento delas e até novos assentamentos eram autorizados. Nos territórios, Arafat não desmantelava os grupos terroristas, permitindo a atividade de radicais que seguiam pregando a destruição de Israel. Lá acontecia a desilusão econômica. Israel substituía os trabalhadores palestinos por trabalhadores filipinos, turcos, portugueses etc. Sem trabalho, milhares de palestinos eram abrigados sob o manto de organizações islâmicas extremistas que mantinham a cartilha do ódio aos judeus. Faziam caridade mas exigiam a militância terrorista.
As coisas foram se deteriorando. De fato um lado não confiava no outro. Bill Clinton convoca Ehud Barak e Yaser Arafat para resolverem de uma vez o que estava emperrando a implementação dos acordos de Oslo. Barak oferece a Arafat 97% do território pleiteado, uma permuta de 3% e os bairros árabes de Jerusalém para sua capital. Arafat pede também uma solução para os refugiados. A reunião se complica e Bill Clinton perde a oportunidade de sua vida para tornar-se um dos maiores estadistas da história. Permite o fracasso do encontro e cria um enorme sentimento de frustração para o mundo inteiro.
A visita de Sharon ao Monte do templo é o estopim para o inicio da segunda revolta palestina. O que não havia sido possível de se alcançar através do diálogo, seria tomado pela força das armas. Arafat se torna o maior cabo eleitoral de Ariel Sharon: Paz e Segurança ele dizia, e vence as eleições.
Com um currículo nada invejável como militar, tem inicio um enfrentamento de ordem particular, tendo somente a Shimon Peres do partido trabalhista, para contrapor o que seria um governo dominado pela direita israelense.
Convencido de que com a reocupação dos territórios acabaria com o terrorismo, Sharon lançou Israel em mais uma aventura bélica. Os últimos atentados suicidas acontecidos nestes dias trataram de provar como estava errado, ao custo de centenas de vidas perdidas.
Quem está certo? Ambos tem razão. Resta pouca dúvida de que somente com a criação de um Estado Palestino, onde exista uma fronteira física e relações diplomáticas de igual para igual, terá fim este imbróglio no qual Israel se encontra.
Isto pode significar uma real possibilidade de guerra civil em cada um dos países. Em Israel a direita extremista não irá aceitar facilmente a entrega dos territórios e a retirada dos colonos de lugares sagrados. Na Palestina, os grupos radicais não vão aceitar a deposição das armas. Cada um terá de resolver o seu problema, mesmo correndo perigo, e os EUA são parte fundamental para esta solução.
Estas atitudes, apesar do alto preço devolverão a confiança a ambos os povos. Esta é a única forma de demonstração inequívoca de que ambos querem a paz. Isto é o que nós do campo pacifista desejamos. Parem a carnificina, basta de violência. Façam o que tem de ser feito. Passem a história com estadistas e não como criminosos. Devolvam nossa esperança, e não sejam lembrados como quem tentou matá-la. Façam a Paz dos Bravos, e não sejam recordados como os Covardes da Guerra. Paz Agora!