Cena 1: Soldados Israelenses da Ocupação cercam a casa. Com a ajuda de megafones pedem que todos que estiverem nela saiam. Ninguém responde. Rapidamente instalam os explosivos e os detonam. Ao deixarem o local, vizinhos reviram os destroços e encontram o corpo de uma senhora de 65 anos. Ela era surda.

Cena 2: Um Terrorista Palestino entra na casa onde dormiam uma mulher e seus dois filhos pequenos. Ele se dirige ao quarto das crianças. A mãe escuta ruídos e corre para o quarto dos filhos. Ao perceber o homem armado precisa fazer uma escolha e se joga sobre um dos filhos para protegê-lo. O terrorista dispara sua arma matando a todos.

Estas são cenas que estão se tornando comuns no conflito entre israelenses e palestinos. Lembram as atrocidades ocorridas em Sarajevo. Uma cidade dividida pelo ódio e pela intolerância onde as pessoas morriam a esmo atingidas por atiradores. Era difícil andar pelas ruas, mas seus habitantes resistiram.

Os Babilônios, os Romanos e os Alemães tentaram matar a consciência judaica e o seu direito à autodeterminação. Os Jordanianos e os Sírios no passado tentaram, e Israel no presente tenta matar a consciência palestina e seu direito a autodeterminação. Mais de dois mil anos não foram suficientes para acabar com o povo judeu, e é certo que não serão suficientes para acabar com o povo palestino também.

Vivemos um momento surrealista onde assistimos a um filme com o seu final já conhecido. Todos sabem que os dois povos vão viver juntos cada um em seu país com sua capital compartilhada. No entanto, o diretor do filme segue acrescentando cenas de terror que fazem os algozes de Sarajevo corar de vergonha.

A ironia da situação chegou a um ponto tal em que todos parecem concordar com esta obviedade mas são incapazes de se moverem em direção a um entendimento. Esperam por um milagre, ou por uma ação espetacular de grande impacto que cause um choque de lucidez em suas lideranças. A cada dia perdido sem negociações, mais e mais cortejos para enterrar vítimas.

Vivemos momentos difíceis para a humanidade. Uma guerra eminente entre a maior potência do planeta e o Iraque do sanguinário Sadam deve eclodir a qualquer momento. Próximo dali, a Coréia do Norte ameaça construir e jogar Bombas Atômicas conta os EUA, e lamentavelmente eles são capazes de fazê-lo sem se importar para as conseqüências.

Em um cenário global como este, não existe muito espaço para preocupações com israelenses e palestinos. Um conflito que vai fazendo vítimas à conta gotas, comparando-se com o que pode vir a acontecer nos outros, não esta mais comovendo ninguém. E como acontece nestes casos, o mais forte aproveita-se da situação para seguir com sua política de opressão sobre o mais fraco.

Mas em meio a tudo isso, as vozes contra a guerra vão se fazendo ouvir. A cada dia, mais e mais pessoas dizem não. Até mesmo dentro dos EUA, personagens conhecidas do show business vão se somando as fileiras dos que não querem a guerra. O mundo está cansado de soluções brutais para solucionar seus problemas. Basta de Sarajevos.

Desejamos um mundo melhor para todos. Queremos que a vida seja o bem maior da humanidade. Um bem a ser preservado e cuidado, para que as próximas gerações possam receber um planeta livre das guerras e da intolerância de homens contra homens.