Estamos a menos de uma semana das eleições em Israel. Desta vez, tudo indica que o resultado será a eleição da causa. Explico: o responsável pelo verdadeiro desastre em que se encontra o país deverá ser reeleito primeiro ministro.
Sharon não pode cumprir nada do que prometeu. Toda sua falácia e arrogância, respaldada durante um bom tempo pelo governo de unidade nacional, não foram capazes de resolver o cerne da questão, o conflito com os palestinos.
Como conseqüência desta política que não sai do lugar e não vai a lugar algum, a economia deteriorou-se. Os países amigos, cada dia se distanciam mais. Vozes que pregam boicotes acadêmicos, futebolísticos, artísticos etc, cada vez encontram mais respaldo. Nada disso parece abalar a popularidade de Sharon.
Escândalos de compra de votos na lista de seu partido, empréstimo fora da lei e o que mais se quiser dizer, não parecem tirar dele a vitória nas próximas eleições. Israel está votando em votar novamente.
Com a perda de cadeiras pelos partidos religiosos, principalmente seu maior aliado o Shas, o acréscimo de mandatos de partidos de centro, e a recusa dos trabalhistas em formarem um novo governo com o Likud, dificilmente ele terá uma base de apoio muito sólida.
O Shinui, que está recebendo uma votação surpreendente, já disse que não fará parte de um governo com os religiosos. Estes por sua vez, não querem nem ouvir falar de laicos ao seu lado. Desta forma, Sharon não terá muito espaço de manobra e assim sendo, seu governo terá uma frágil maioria no parlamento entre 1 e 3 cadeiras. Logo virá a primeira crise e a convocação de novas eleições.
Tudo isto está sendo escrito antes da apresentação das últimas pesquisas. Importante ressaltar que em Israel as pesquisas costumam errar. Portanto não se surpreendam se ao serem abertas às urnas, elas nos apresentem uma alegre surpresa ou um desastre ainda maior do que o aguardado.
Caso o cenário seja de uma vitória do Likud tendo Sharon como primeiro ministro, as condições de ocupação nos territórios devem ser mantidas e/ou vão se tornar ainda pior. Ele não aceita conversar com Arafat e exige mudanças na liderança palestina. Como mantém os territórios sob ocupação e toque de recolher, não se podem realizar eleições que apontem uma nova liderança.
Os palestinos por sua vez, não conseguem uma unidade de ação política. Cada facção age de acordo com os seus interesses. Infelizmente neste momento, eles se revezam na prática de atentados terroristas cujo único efeito é o de assegurar a reeleição de seu algoz.
E é neste clima que amanhã será aberto o III Fórum Social Mundial. Como nas edições anteriores vai se debater sobre a construção de um mundo melhor. Neste mundo, existe a chance do diálogo e da construção de caminhos que levem ao entendimento e a reconciliação entre israelenses e palestinos.
Com este objetivo, o grupo TABA – Coalizão Brasileira pela Paz entre Israel e a Palestina, estará presente na organização de duas oficinas. A primeira para discutir o papel da mídia na apresentação dos fatos e como ela pode ajudar a criar condições para o entendimento. A segunda para discutir como a sociedade civil no mundo inteiro pode participar para ajudar os dois povos a encontrarem uma saída pacífica para o conflito.
Por isso convido a todos aqueles que quiserem participar junto com nossos convidados, destas duas oficinas, a virem a Porto Alegre ajudar a plantar mais esta semente de paz. Seja portador destas idéias em sua comunidade.
Um mundo melhor é possível.