Era próximo da meia noite quando um terrorista invadiu o Kibutz Metzer. Cortou a cerca e invadiu a residência mais próxima. Entrou no quarto das crianças e matou a sangue frio Matam de 4 anos, e Noam de 5. Na seqüência assassinou a mãe. Saiu da casa e atirou contra uma visitante e o secretário geral do Kibutz, matando ambos. Este palestino não quis matar apenas estes 5 seres humanos.
O Kibutz Metzer e a Vila Árabe de Meisar vivem fraternamente há 50 anos. Os israelenses de Metzer e os árabes-israelenses de Meisar compartilham o gosto pelo futebol e a troca de conhecimento na agricultura. Até mesmo o sistema de abastecimento de água, está interligado. Numa emergência um lado pode abastecer o outro.
Fundado por membros do Hashomer Hatzair da Argentina, este Kibutz mantém não apenas laços de cooperação com Meisar. Eles acreditam que o seu exemplo de convivência pacífica pode ser seguido. A tragédia que se abateu sobre Metzer trouxe consternação sobre Meisar. Todos estão sofrendo com o que aconteceu. As crianças destes dois lugarejos não aprenderam a odiar.
Quando um grupo terrorista ligado a Al-Fatah de Yasser Arafat, anuncia que o ataque foi perpetrado por um de seus membros, o assombro assume contornos de indignação. Não existem justificativas ou escusas capazes de absolver a responsabilidade de Arafat pelo ocorrido. Mais uma vez ele diz que condena a morte de civis inocentes. Mais uma vez, ele nos dá um tapa no rosto.
O alvo escolhido pelo assassino teve a clara intenção de prejudicar todos os esforços daqueles que pregam o fim da violência. Mas será que a atitude de um único homem, mesmo que apoiado pela organização do presidente da AP, tem o direito de condenar os dois povos a perpetuar o conflito? Será que esta ação e as cenas de vingança (com o pomposo nome de retaliação), vão impedir que os dois povos encontrem um caminho para acabar com o círculo vicioso da guerra?
Acredito que não. Por mais que Arafat e Sharon insistam em manter esta barbárie, os dois povos vão compreender que é preciso acabar com esta tragédia que continua ceifando não apenas a vida de crianças inocentes. Que produz a dor e o desespero destroçando famílias e matando sonhos.
A vingança não trará de volta as quase 3000 vidas já perdidas. Mas à volta das negociações com a retirada das colônias pode ajudar a preservar outros milhares. São vidas de judeus e de palestinos que não querem morrer. São seres humanos que tem direito a uma vida digna em segurança. Cada um em seu estado, lado a lado.
Apesar de mais esta tragédia, as eleições que se aproximam podem mudar o curso desta história. O surgimento de uma nova liderança comprometida com a retomada de negociações é o único caminho viável. Não existe solução militar para o conflito. Militarmente só iremos continuar assistindo a cenas de assassinatos de ambos os lados. Politicamente temos uma saída.
Infelizmente as populações amigas e fraternas de Metzer e Meisar foram atingidas por esta tragédia. No entanto a solidariedade e a amizade entre eles vão sobreviver a ela. Espero que o exemplo deles sirva para demonstrar a todos, que a paz e a reconciliação vão vencer.