Hoje, 4 de novembro faz 7 anos desde o assassinato de Itzhak Rabin. Para mim, neste dia teve inicio a Intifada. Foi quando a paz e a esperança de convivência pacífica, acordada em Oslo, foi ferida de morte por um israelense chamado Igual Amir.

Rabin combatia o terrorismo como se não existissem os acordos de paz. Da mesma forma, empenhava-se para cumprir os acordos como se não existissem terroristas. Infelizmente os que o seguiram não aprenderam esta singela lição.

Os governos seguintes de Peres, Nathaniau, Barak e Sharon foram uma sucessão de trapalhadas e descumprimento dos acordos assinados. A semente da intifada plantada pela bala assassina de Igal Amir, floresceu no ano 2000. A visita de Sharon ao Monte do Templo apenas retirou o manto sobre ela.

Nunca na história da humanidade pudemos ser observadores diários de uma explosão de ódio e intolerância previsível até mesmo pelo mais alienado dos espectadores. Cada ato de violência é seguido de outro. Aplica-se o Código de Hamurabi ao pé da letra. O círculo vicioso se retro-alimenta com o desejo de vingança, e assim está até os dias de hoje.

Também está claro que ninguém pode afirmar que com Rabin as coisas teriam sido diferentes. Podemos, isso sim, dizer que com seus sucessores foi um desastre. Israel foi se isolando cada vez mais, sua economia florescente se abalando com os indicadores econômicos indicando recessão com desemprego, e o país se deixando levar cada vez mais para a direita intolerante.

Finalmente o governo Sharon, que prometia paz e segurança, perde agora seu maior partido de apoio. Justamente seu rival histórico que aceitou uma coalizão de unidade nacional, abandonou o governo. Sharon terá que decidir se convoca novas eleições ou se alinha mais à direita com partidos xenófobos ultranacionalistas.

Acredito que o melhor caminho seja a antecipação das eleições. Já disse isto antes. É o momento das forças políticas se reacomodarem. Na esquerda poderia surgir um novo partido social-democrata que englobaria entre outros, o Meretz e a dissidência do Partido Trabalhista. Na direita, o embate entre Sharon e Nathaniau traria conseqüências imprevisíveis.

Este é o momento em que o país terá de fazer uma profunda reflexão sobre o seu papel político na região, seu futuro como nação democrática e como a única pátria judaica no mundo.

O país tem diante de si enormes desafios. Todos eles implicam na necessidade de viver em paz com seus vizinhos. Sua integração na região, a construção e manutenção de uma sociedade democrática, e principalmente sua condição de única nação judaica, tornam o fim do conflito a única opção para estas realizações.

A tragédia do assassinato de Rabin se faz sentir até os dias de hoje. Ninguém mais como ele, percebeu o quanto a criação do Estado Palestino é a condição para a própria sobrevivência do Estado de Israel, e não a razão para o seu desaparecimento.

Infelizmente ele não está mais entre nós. Tampouco seus ensinamentos são levados em conta. Por isso, a chance de novas eleições em Israel e nos territórios, traz novas esperanças. Talvez a grande discussão que farão os dois povos, determine o surgimento de lideranças comprometidas com a pacificação e a reconciliação, como queria Rabin.