Um Mundo Melhor Para Israelenses e Palestinos

Finalmente o Partido Trabalhista está deixando a coalizão de unidade nacional que deu sustentação a Ariel Sharon durante 20 meses. Depois de uma longa discussão a respeito do orçamento 2003, a falta de um acordo com respeito à divisão de fundos para as colônias, cidades em desenvolvimento e os kibutzim, fizeram com que Bem- Eliezer anunciasse a saída do governo.

Pessoalmente acho que este é um grande dia. Principalmente se as eleições forem antecipadas para o inicio do ano que vem. Desta forma, teremos eleições nos territórios e logo em seguida em Israel. Novamente a paz terá uma chance.

Já há algum tempo eu vinha batendo na tecla das eleições. Dizia da importância de se submeter à vontade popular, os desígnios deste conflito. Finalmente os dois povos terão a si, o direito da escolha entre continuar o estado de guerra elegendo líderes que se opõe à paz, ou dar uma chance ao entendimento e a reconciliação.

Desde já se podem prever as tentativas de agravar o conflito por parte dos grupos radicais. De um lado os colonos farão o possível para tornar a vida dos palestinos nos territórios um inferno. Vão continuar a roubar as colheitas, incendiar árvores e basicamente se recusar a sair de qualquer posto ou colônia, seja ela legal ou não. De outro, os grupos radicais palestinos vão tentar provocar o maior número de atentados possíveis. Novamente vamos assistir a ondas de homens bomba se explodindo entre civis.

Um clima como este, certamente manterá no poder as forças que se opõe a paz. Tanto palestinos, como israelenses elegeriam aqueles que prometem sonhos e ilusões. Uns vão garantir a verdadeira paz com segurança e outros um Estado Palestino Independente e soberano. Infelizmente nada disso irá acontecer.

Para forçar uma mudança real no rumo dos acontecimentos, somente uma mudança de atitude. Nenhum dos povos pode permitir que as minorias radicais continuem ditando a política. É preciso conscientizar as populações de que toda atitude destrutiva deve ser condenada e rejeitada por todos. Somente isolando-se os grupos minoritários que se opõe a dois estados para dois povos, será possível afastar a direita do poder em Israel, e a liderança corrupta palestina da AP.

O Campo Pacifista terá muito trabalho pela frente. Estas eleições poderão decidir o fim da carnificina, ou o aumento descontrolado da violência. Milhares de vidas poderão ser poupadas se os dois lados conseguirem afastar seus fantasmas e seus temores, elegendo partidos comprometidos com uma solução pacífica e negociada.

As primeiras pesquisas que ainda refletem o clima de intransigência apontam a vitória esmagadora das forças conservadoras. Isto pode ser revertido com muito esforço de parte a parte. Para isso, todas as pessoas de bem podem cooperar. Basta procurarem apoiar os esforços dos grupos e partidos que lutam pela paz negociada e denunciar todos os crimes cometidos pelos dois lados.

Os dois povos precisam compreender que esta guerra está matando a todos nós. Portanto todos estamos a favor do fim da barbárie marcada pelo circulo vicioso do ódio e da revanche.

Novas eleições reascendem as esperanças de um mundo melhor para israelenses e palestinos. Dêem uma chance a paz.

Os Colonos da Jihad

Ao aguardar 24 horas para comentar a desocupação de Hevat Gilad, deparo-me com uma triste notícia: um atentado contra um ônibus no norte de Israel, vitimou 8 civis e deixou dezenas de feridos. Mais uma barbárie que se soma a tantas outras. Meus respeitos às famílias por suas perdas.

Hevat Gilad talvez entre para a história. Pode ser que seja a primeira colônia (ilegal) desmontada pelo governo de Israel. Neste caso, o exército agiu de acordo com a lei. Retirou cerca de 1000 manifestantes, a maioria colonos de direita, que tentaram resistir ao desmantelamento. O confronto deixou cerca de 30 feridos.

Pela primeira vez em muito tempo, gostaria de cumprimentar o governo pela sábia decisão. Espero que esta tenha sido a primeira de uma série que só terminará quando todos os colonos tiverem sido retirados e todas as colônias desmanteladas.

Esta colônia inexpressiva teve um grande simbolismo. De um lado a determinação da direita radical em assumir o “direito inalienável” do povo judeu a grande Israel. De outro o Campo Pacifista que enxerga nas colônias um entrave às negociações de paz.

Seria muita ingenuidade achar que o governo israelense esteja incorporando as idéias pacifistas e que pretenda desmantelar todas as colônias ilegais, e posteriormente as ilegais. Mas um recado acaba de ser dado. O governo vai cumprir suas decisões, mesmo que para isso seja necessário o uso da força. Até então, o uso dela estava restrito a repressão de atividades pacifistas.

O que aconteceu tem muito a ver com a disputa pelo poder dentro do partido trabalhista. Ben Eliezer que pretende concorrer à indicação de líder do partido, resolveu dar uma demonstração de força para saciar a ala “pomba” do partido. Se o resultado lhe favoreceu ainda não sabemos. Por hora, estamos felizes que finalmente um pequeno passo tenha sido dado.

Mesmo que o carro bomba que explodiu ao lado do ônibus não tenha uma relação direta com Hevat Gilad, não se pode esconder o fato que este atentado será explorado pela direita como uma prova de que a cada passo que Israel retrocede, os palestinos avançam com o terror. De nada irão servir as explicações que lembrem os recentes massacres de Rafia e Gaza. A dinâmica do Oriente Médio se move rapidamente em direção às revanches e vinganças.

Mais uma vez, os radicais comemoram sua vitória. Até parece que a Jihad coordenou esta ação com os colonos. Não fosse impossível, diria que uns estão ajudando aos outros. Novamente alimentaram o circulo vicioso do ódio. A conseqüência esperada e desejada por eles, será a paralisação da retirada das colônias (os colonos agradecem) e a retomada das ações de agressões contra civis (os radicais agradecem), que elevam a espiral da violência e reprimem o Campo Pacifista (a direita agradece).

Talvez fosse o momento do governo israelense e da AP tomarem medidas que surpreendam a todos nós. O governo israelense poderia surpreendentemente dizer que não irá se deixar intimidar por estas ações e manter o desmantelamento das colônias. A AP poderia nos surpreender e reprimir os responsáveis por mais este crime, tomando ações que levem ao desmantelamento das redes terroristas.

Se cada lado tivesse uma ação positiva, seria possível quebrar este circulo vicioso de ataques e revanches. Os radicais de ambos os lados receberiam um recado claro de que suas ações não serviriam mais para balizar as atitudes bélicas das autoridades. Desta forma, se daria um grande passo rumo ao entendimento, abrindo o caminho para o retorno a mesa de negociações.

Mais uma vez

Mais uma operação com a assinatura de Sharon deixa 8 palestinos mortos em Gaza. Mais uma vez civis, entre eles crianças, são atingidos pela incompetência do exército israelense. Logo o exército com os preceitos éticos e morais mais elevados do mundo, segundo o próprio Sharon teria dito ao presidente Bush.

A cada dia fica mais clara a intenção de Sharon em manter o estado de guerra indefinidamente. A razão disso é muito simples. Com um acordo de paz ele não permaneceria no poder um dia sequer. A economia está em frangalhos. O país está ficando a míngua. Investidores internacionais fogem de Israel. Produtos israelenses começam a ser boicotados nos mercados europeus.

Sharon precisa da guerra, assim como Arafat precisa do Hamas. A manutenção de Arafat no poder acontece unicamente por sua liderança na condução de seu povo rumo a um Estado Palestino. No dia em que surgir o Estado, Arafat ficará desempregado, e sem o poder. O Hamas mantém o terrorismo, logo não haverá paz.

O conflito hoje a despeito de todas as soluções apresentadas, permanece pela obstinação de dois líderes pelo poder. Sacrificam seus povos numa guerra bárbara e sanguinária em nome do poder. Fazem tudo para fomentar o ódio e assim se manterem em suas cadeiras rodeados pelo poder.

Já não é mais possível disfarçar o que ocorre nos territórios. Os colonos que mantinham o exército a seu serviço, agora desrespeitam até mesmo o ministro da defesa, quando reocupam terras de onde haviam sido retirados. Na verdade tudo não passa de um lindo teatro. O exército finge que retira os colonos, e os colonos fingem que o exército não os mandou sair de fato de Chavat Gilad.

Como se a subserviência do exército aos colonos não fosse suficiente nos territórios, em Gaza uma desastrada operação faz com que 3 tiros de tanque sejam disparados diretamente conta casas no acampamento de refugiados de Ráfia. Segundo fontes palestinas tiros para o alto foram disparados durante um funeral, como é de costume. Os soldados imaginando que estavam sendo o alvo, resolveram abrir fogo disparando com um tanque de guerra. Como não se pode confirmar qual das duas versões é a verdadeira, fica-se apenas com o resultado: mais civis mortos através de uma retaliação desproporcional por parte do exército israelense.

O Hamas, como faz habitualmente, já ameaçou vingar as mortes. Pode-se esperar por atentados em algum lugar a qualquer momento. Mais vítimas civis.

Quem ganha e quem perde com estas ações? Os grandes vencedores são Sharon e Arafat. Sharon porque finge que mantém a segurança de Israel, e Arafat porque finge que vai alcançar um Estado para o povo palestino. Mas os maiores perdedores somos todos nós. O povo israelense e o povo palestino. Todos perdem porque acreditam nestes líderes.

Cada dia perdido tem um nome. O nome deste dia leva todas as letras dos mortos pelo terrorismo de ambos os lados. As vezes ele é mais comprido que no dia anterior, outras vezes menos. Mas não passa um dia sequer em que ele não tenha algumas letras. São letras de nomes de homens, mulheres e crianças atingidas pelo apego ao poder destes líderes.

Tudo isto vai passar porque não perdemos a esperança. Depois de cada dia perdido surge um novo dia e com ele se renovam nossas forças para que ele seja o dia do fim da guerra. Talvez amanhã, ou depois de amanhã, mas com certeza logo chegará.

Venceremos

Lá vai ela, linda passeando por todos os lugares. Sua beleza é indescritível e varia aos olhos e mentes de cada um. Tem a cor do arco-íris que desejarmos. Possui uma áurea que a eleva acima de tudo e de todos.

Quando penso nela sinto o conforto que ela proporciona não apenas a mim, mas a todos os homens e mulheres espalhados pelo planeta. Cada um de nós vê nela uma oportunidade. Será que isso significa que nos aproveitamos de forma egoísta de tudo o que ela é capaz? Não sei, mas creio que não. Ela sabe disso e não se importa.

Sua bondade alcança a todos. Não importam suas crenças, ela não faz distinção de credo, cor, sexo etc. Nenhum preconceito em sua alma. Por isso poderia se dizer que ela é uma das poucas unanimidades para todos os homens. Em qualquer idioma sabemos como invocá-la.
Pode-se ser um crente em Deus, ou um completo ateu. Nela qualquer um acredita.

Às vezes me vejo questionando se não é por ela que continuamos a viver. Com certeza continuamos sobrevivendo dia após dia por sua intervenção. Nem todos a desejam. Muitos até gostariam de vê-la desaparecer. Tentam de todas as formas afastá-la de nós. A culpam por nossos fracassos e dizem que por causa dela perdemos a razão.

Eu penso que eles estão errados. Podemos fracassar uma, duas, mil vezes que ela sempre estará conosco ao nosso lado. Sempre terá uma palavra de conforto e irá tentar nos devolver o ânimo necessário para mais uma tentativa. Se ela é incapaz de desistir, então em nome dela temos o dever de seguir tentando.

Quando finalmente atingirmos nosso objetivo, não pensem que ela irá nos abandonar. Ela é como o ar que respiramos. Sempre vai estar presente porque todos os dias temos novos desafios a enfrentar. Alguns tão simples que ela nem chega a intervir. Outros tão complexos que até ela deve se cansar. Se isto acontece, não demonstra. Permanece firme porque tudo na vida tem uma solução.

Com ela somos capazes de dobrar o improvável, alcançar o inexpugnável, conquistar o inatingível, e realizar o impossível. Não existe nada que não possa ser resolvido quando ela está presente. Ela afasta de nós o cansaço, a tristeza e o desânimo.

O que seria de nós sem ti, sempre linda e maravilhosa a nos iluminar o caminho, mesmo na pior das escuridões. Tua infinita compaixão por nós faz com que a vida tenha um sentido. Tu és soberana no reino da paixão.

Por isso fica comigo e com todos nós que acreditamos na paz e na reconciliação entre israelenses e palestinos. Segue vertendo tua energia em nossos corações para que possamos vencer juntos todas as adversidades. Continua mantendo nossos corações unidos em ti, minha amada e doce Esperança.

O Terror Chegou ao Paraíso

O atentado ocorrido em Bali reforça o sentimento de que a maldade humana não tem limites. Tampouco encontra páreo no mundo animal. Uma bomba anônima tirou a vida de 187 pessoas inocentes de várias nacionalidades, entre elas a de brasileiros. Deixou cerca de outras 300 feridas. Ninguém assumiu a autoria deste crime.

Para mim que venho comentando a situação do conflito no Oriente Médio a vários meses, retratando o horror da barbárie que envolve israelenses e palestinos, assistir as cenas de Bali pela TV, trazem de volta o sentimento de repulsa aos assassinos responsáveis por cada morte lá ocorrida.

Quando a criminalidade alcança níveis insuportáveis, a população passa a apoiar propostas de Pena de Morte. Quando a democracia não consegue resolver a situação de caos, a população passa a dar ouvidos aos apelos de uma ditadura. A nossa autodefesa e o nosso sentimento de autopreservação costumam falar mais alto do que a razão.

No momento em que o terror passa a atacar indiscriminadamente em todos os lugares, vai se tornando cada vez mais difícil se condenar atitudes de força. Este é o caso do ataque programado por Bush ao Iraque. As pessoas deixam de se importar com as prováveis perdas de civis iraquianos em nome do combate ao terror. Ficam cegas ao sofrimento de todo um povo em nome de sua própria segurança.

O Campo Pacifista não apóia a Sadam Hussein ou seu regime ditatorial. Existem muitos outros como ele. Pode-se falar da Coréia do Norte ou de Cuba apenas como exemplos. No momento, a maior potência do planeta afirma que Sadam possui armas de destruição em massa. Mesmo sem apresentar provas irrefutáveis, está determinada a derrubá-lo. É justamente neste ponto que discordamos de Bush.

Acreditamos que a força é a última arma a ser utilizada.. Não aceitamos que uma nação tome a si a tarefa de patrulhar o planeta e apontar quem são os bons e quem são os maus. Todas as nações têm o direito de se expressar e para isso o melhor fórum ainda é a ONU. Mesmo com todas as suas dificuldades, este organismo reúne a quase totalidade dos países do globo terrestre. É preciso dar uma chance aos diplomatas e negociadores. Somente quando tudo isto tiver falhado, então cabe a ONU determinar as medidas cabíveis no interesse da maioria das nações. Até mesmo o uso da força.

Acabar com o terror sem acabar com a democracia é uma tarefa árdua. Como atacar aqueles que se valem dos valores mais caros de liberdade para tentarem destruí-la? Como realizar tal empreitada sem retroceder nos direitos civis? Qual pode ser o limite que devemos nos impor ao tratar com terroristas?

Todas estas questões nos levam a refletir sobre o papel de cada um de nós na construção de um mundo melhor. Quando condenamos os ataques terroristas perpetrados por grupos palestinos, ou ações de terrorismo de Estado perpetradas por Israel, colocamos a todos no mesmo patamar. Não podemos fazer concessões quando se atacam pessoas inocentes.

O mundo que desejamos não é um mundo em guerra ou de discórdia. Todas as diferenças devem ser resolvidas através do diálogo. Exemplos disso não faltam. A Europa acabou com suas guerras. A China recuperou Macau e Hong Kong sem disparar um tiro. O Líbano está sendo reconstruído.

Para poder se chegar a um entendimento são necessárias certas premissas: todos têm razão; é preciso relevar; não se pode trazer o rancor para a mesa de negociações; a paz se conquista com o entendimento e a confiança se constrói com a reconciliação.

Por isso, é neste momento em o terror continua atacando e a guerra do Iraque parece inevitável, que conclamo a todos a dizerem NÃO.

NÃO AO TERROISMO!
NÃO A GUERRA!

Meus sentimentos de pesar a todas as famílias enlutadas.

O Grito Que Não Quer Calar

(Uma Carta Aberta a Yasser Arafat e Ariel Sharon)

Já somos 300 crianças que a sua guerra matou. A maioria de nós são palestinas, 230. Outras 70 são israelenses. Muitas não sabem porque estão aqui. Foram retiradas repentinamente dos braços de suas mães ou dos carrinhos de bebes onde se encontravam.

Cada uma de nós tinha uma família. É verdade que alguns de nossos pais também vieram conosco, mas em geral somos órfãos. Perdemos tudo. Nossa família, nossos irmãos, nossos amigos e principalmente nosso direito à vida. A gente não pediu para vir ao mundo. Também não pedimos para sermos retirados dele com tamanha violência.

É difícil descrever o que uma bala faz ao entrar em nossos corpos. Também é estranho descrever o gosto que uma bomba deixa em nós. Tudo acontece muito rápido. A gente está respirando o ar da infância e no momento seguinte somos tragados pelo ar da maldade dos homens.

Os que já sabiam falar dizem que a dor é a mesma. Fica um tremendo vazio e tudo desaparece como que por encanto. Não importa a idade. Dias, meses ou anos. Vocês mataram o nosso e o seu futuro. Liquidaram vidas que ainda estavam se formando, e outras que recém haviam se formado. Ao nos matar, vocês assassinaram a si próprios.

Aqui onde estamos não existe dia ou noite. Não existe o céu e a terra. Não escutamos o barulho do mar ou dos animais. Nunca mais vamos poder ser tocados. Nunca mais vamos receber amor. A sua guerra nos atirou no silencio. O único ruído por aqui são das lágrimas que caem sem parar. São rios de lágrimas de 300 crianças que ninguém mais verá.

Nós não temos mais a chance de nos tornarmos adultos. Não vamos poder fazer nada para que nenhuma outra criança continue vindo para cá. Alguns dizem que se fosse para nos tornarmos adultos como vocês, então foi melhor termos sidos enviados para este lugar. Nenhum de nós deseja ser igual a vocês. Vocês foram o nosso último e pior pesadelo.

Aqueles que se explodiram, ou que atiraram com suas armas para nos enviar para cá são a conseqüência de sua teimosia. Vocês são a razão. Por sua culpa somos hoje apenas fotografias e lembranças na mente dos que ainda se recordam de nós. Vocês perderam toda a humanidade que um dia tiveram. Não podemos aceitar que seres humanos permitam que crianças sejam assassinadas em nome de sua guerra suja.

Vocês falam de paz, de segurança, de pátria e de justiça. Tudo o que sabem fazer é a guerra que mata e destrói a tudo e a todos. Vocês dividem irmãos, semeiam o ódio e a sede de vingança. Adoram a revanche e se vangloriam de seus atos. Saibam que estamos aqui por sua causa. Os que morreram por seus atos agora estão todos aqui no mesmo lugar. Somos todos iguais em nosso sofrimento. Uma só família. As vítimas de sua insanidade.

Um dia isto vai terminar. Nossos povos vão viver em paz lado a lado. Vão ser uma só família. Vão se lembrar destes dias terríveis com homenagens a nós. Não queremos que sintam pena do que nos aconteceu. Não queremos ser um nome em um memorial. Não aceitamos que continuem usando nossa memória para desculpar suas atitudes.

Queremos que parem de mandar mais crianças para este lugar. Que sequem os rios de lágrimas e que possamos encontrar a nossa paz. Paz que só virá quando vocês tiverem a grandeza de terminarem incondicionalmente com esta barbárie. Neste dia vamos poder finalmente descansar, e saber que nosso grito atravessou todas as dimensões, para chegar ao coração de israelenses e palestinos.

Este é o grito que não quer calar. O grito das crianças assassinadas por culpa de uma guerra sem vencedores. Que sua voz ecoe em todos os cantos de Israel e da Palestina. Que alcance os corações das pessoas e as faça refletir por um minuto que a paz e a reconciliação é possível. Que possa unir a todos em um minuto de silencio por elas que se foram para sempre. E por fim, que traga em um minuto a esperança de um mundo melhor para todo o sempre.