Há poucos dias forças de segurança do governo de Israel divulgaram uma decisão de se anexar unilateralmente a Tumba de Raquel a soberania israelense. Segundo os acordos de Oslo, este local deveria ficar numa Área A, sob controle total da Autoridade Palestina. Mais tarde, por pressão dos partidos religiosos, esta área passou a ser considerada como Área C, sob controle total de Israel. Agora, com planos para tornar o local como parte de Jerusalém, envolvendo a construção de estradas de acesso, Israel mais uma vez, vai de encontro às convenções internacionais e decide anexar território conquistado em guerra.

Quando religião e política se misturam, pode-se ter certeza de que as conseqüências não serão boas. É evidente que todos devem ter acesso aos lugares sagrados para suas religiões. Ninguém pode ser impedido de rezar de acordo com as suas crenças. Isto não significa, no entanto, que uma crença deva submeter às outras aos seus ditames. Quando um local é sagrado para mais de uma religião, uma negociação pode encontrar os meios de satisfazer a ambas. Isto já existe no Monte do Templo e em várias igrejas cristãs de Jerusalém.

A questão aqui é o quanto o atual governo depende dos partidos religiosos para se manter no poder. Mais do que isso, até onde ele está disposto a ceder para estes partidos. Toda vez em que preceitos religiosos ditaram políticas de governos, o saldo foi de guerras, morte e destruição.

Por outro lado, tivemos notícia de que Foguetes Kassam 3 foram disparados da Faixa de Gaza para Israel. Estes foguetes têm o poder de destruição pouco maior do que uma granada. Esta última versão tem um alcance de cerca de 8 km. Sua utilização é exclusivamente para terrorismo. Como não pode ser teleguiado, uma vez lançado sua queda é sempre em locais incertos. Caindo em regiões habitadas ele causa mortes indiscriminadas.

Todo o esforço para implementar o Plano Gaza + Belém Primeiro foi comprometido. A condenação do terror contra civis feitas por Arafat, de nada serviu. As forças do quanto pior melhor, continuam ditando a política na região. O serviço de segurança palestino não consegue impedir o terrorismo. Com isto, o exército israelense volta a entrar em cena e destrói Metalúrgicas e Oficinas que podem servir como locais de fabricação e montagem destes foguetes.

* * *

Ao menos momentaneamente a ameaça de invasão eminente do Iraque parece estar afastada. Com a autorização para a volta dos inspetores de armas da ONU, que irão inspecionar instalações do país, Sadam Hussein ganha um pouco mais de prazo para salvar sua pele. Os EUA terão de aguardar o trabalho da ONU para decidir qual o próximo passo. Isto não vai impedir que a máquina de guerra continue se movimentando. Bush está decidido a derrubar Sadam, o que ele precisa agora é apenas de outro motivo.

Recentemente eu dizia que esta guerra seria péssima para a reconciliação entre israelenses e palestinos. Não mudei de opinião. Mas quanto a Sadam, confesso que o mundo seria um lugar melhor de se viver sem a presença dele à frente de um país. No entanto, está mais do que na hora de fazer com que a ONU assuma seu papel frente a estas e outras questões que envolvem a sobrevivência da vida humana no planeta. Os EUA não podem receber o papel de polícia mundial. Desta vez, a voz das nações venceu o primeiro round.

* * *

Passado o Dia do Perdão Judaico (Yom Kipur), e tendo sido zerado os acontecimentos do ano que passou, mais uma vez se enchem de esperança os corações de todos aqueles que almejam a paz e a reconciliação. Talvez agora, possamos convergir para o entendimento, guardar as armas e ver nossas lideranças sentarem-se novamente a mesa de negociações. Não faltam razões e motivos para que isto não aconteça. A paz é possível e está novamente a nosso alcance. Cabe a nós, homens e mulheres de boa vontade, somarmos forças e nos unirmos no objetivo de torná-la uma realidade.

Cada um a sua maneira pode fazer algo. Uns escrevendo artigos em favor da paz, outros conversando e ajudando a divulgar ações de paz. Outros não divulgando e cortando correntes que buscam difamar aos dois povos. Programas de computador que incitam ou defendem o ódio não merecem ser espalhados. Tampouco apresentações que defendem a um ou a outro em nome de razões históricas e/ou religiosas, mas que inevitavelmente tentam demonstrar que o outro lado não tem direito a sua autodeterminação.

A partir de hoje, ajude a divulgar mensagens que mostrem que um mundo melhor é possível. Dois povos vivendo em paz lado a lado. Este é o único caminho.