Desde que escrevi o artigo “Não somos Sharon!, e depois que ele foi publicado pela Zero Hora e distribuído pela Internet através de diversas listas, não paro de receber mensagens com opiniões de todo o Brasil e de Israel”.

Confesso que esta momentânea notoriedade me causou surpresa. Não tinha idéia do poder das palavras. Achava que uma imagem valia mais do que mil palavras, como costumam dizer. Meu texto correu o mundo e as pessoas se manifestaram, em favor, em contra mas colocaram para fora o que sentem. Isto foi recompensador e me leva a manter meu teclado pronto para novos artigos.

A edição online do jornal Haaretz de Israel traz o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Para a Paz da Universidade de Tel Aviv. O resultado já foi tema de um artigo que escrevi sob o título “A Vaca Louca”, que trata da aparente disparidade de pensamento, em Israel, em relação ao conflito. Os resultados da pesquisa batem exatamente com o que escrevi: a maioria dos israelenses quer a solução de paz proposta pela esquerda, mas apóia as ações de guerra impostas pela direita.

Quando assumiu o governo de Israel, Ariel Sharon prometeu duas coisas: Paz e Segurança. Seu currículo de soldado alheio aos direitos humanos e brilhante estrategista militar, de fala dura e ameaçadora, deram esperança ao povo israelense de que ele era o homem certo para o cargo.

Suas ações fazem jus a sua reputação: rompeu o acordo de Oslo, invadiu as zonas autônomas, destruiu toda a infra-estrutura da Autoridade Palestina, manteve e permitiu a ampliação das colônias, impôs limites ao deslocamento de palestinos dentro e fora dos territórios, declarou toques de recolher nas principais cidades palestinas, mandou destruir as casas dos parentes de terroristas, ameaça os familiares com desterro, ordenou os assassinatos seletivos, permitiu a morte de civis para matar um líder terrorista etc. Qual o resultado disso? Nenhum. Israel não tem paz e nem segurança.

Claro que todas estas ações foram em retaliação às ações terroristas que se seguiram a sua provocativa visita ao Monte do Templo que desencadeou a 2ª. Intifada. Justificáveis ou não, deixo para que a história julgue. Prefiro ser pragmático e questionar o que mais ele pode imaginar ser possível implementar para que suas palavras se tornem realidade. Como é possível tapar o fosso que ele cavou distanciando a paz e trazendo uma insegurança que já custou à vida a cerca de 600 israelenses e o triplo da de palestinos ?

Ariel Sharon, assim como Yasser Arafat são os responsáveis diretos por esta situação. Mas Sharon parece obsessivamente impelido a levar esta carnificina até o fim de seu governo. O mal causado pelos covardes atentados terroristas só alimentam sua obsessão. E cada atitude punitiva dele contra a população palestina, faz nascer novos terroristas. O Hamas se alimenta de Sharon e Sharon se alimenta do Hamas. É o ciclo da violência matando e dilacerando famílias.

O Campo da Paz, acha que algumas atitudes que só podem ser tomadas pelo Estado de Israel, podem levar a uma trégua. O inicio do desmantelamento de colônias, a saída da Gaza, a permissão de deslocamento e trabalho a milhares de palestinos e à volta às posições ocupadas antes do inicio da Intifada. Todas ou algumas delas podem reascender o desejo de se voltar a dialogar. Cabe a Israel implementá-las.

Os atentados não cessarão da noite para o dia. Não vamos nos iludir. Mas vão acabar quando sua motivação não mais existir. Temos de construir novamente o caminho da paz e da reconciliação. Vão existir muitos percalços ao longo dele. Cabe aos homens que lideram os dois povos, encontrar os atalhos que não permitam a volta da violência e impeçam as ações que lhe serve de combustível.

A paz é possível! Basta, queremos Paz Agora.