Em todas as sociedades democráticas existe um amplo espectro de partidos que representam o pensamento do povo. Muitos países chegam a ter partidos que representam segmentos ou minorias.
Israel não é diferente. Da extrema esquerda a extrema direita, existem partidos com os quais a população pode se identificar. Mesmo assim, às vezes, torna-se difícil apontar quem representa o que. Isto se deve ao sistema político vigente: o parlamentarismo. Necessitando de maioria para poder governar, juntam-se partidos de diferentes matizes. No final fica difícil saber quem representa a esquerda, o centro ou a direita dentro do governo.
Na diáspora, quando estabelecidos sob regimes democráticos, os judeus também ocupam todo o espectro político do país. Já tivemos judeus na Arena e o MDB, e hoje temos membros da comunidade no PC do B, PT, PTB, PDT, PPB, PSDB, PMDB etc.
Por outro lado, internamente na comunidade, também comungam com sua identidade ideológica. Temos lideranças comunitárias de esquerda e de direita. Algumas afinadas com os partidos israelenses. Isto é sadio. Esta diversidade ideológica engrandece a todos, pois é justamente da divergência que asseguramos mais acertos do que erros.
Cerca de uma semana atrás escrevi um artigo intitulado: “Não Somos Sharon!”. O jornal Zero Hora achou por bem publicá-lo. Confesso que fiquei honrado em ter mais um artigo meu sendo lido por milhares de pessoas.
Este artigo desmascarava as desculpas de Sharon para o despejo de uma bomba de uma tonelada em um bairro populoso de gaza, que visava atingir um único homem, mas cujo saldo foi a morte de 14 inocentes juntamente com aquele que queriam ver morto.
Meu artigo se somou a centenas de outros escritos por jornais israelenses, americanos, europeus etc. Todos condenando da mesma forma ou mais incisivamente do que eu. No dia seguinte ao ataque, praticamente todos os países do mundo, inclusive o Brasil, o condenaram.
Mas o que mais chama a atenção, é que mesmo com o exército de Israel reconhecendo o erro, muitos judeus ainda continuam achando justificativas para o que foi feito.
Não sei quantos escreveram para os presidentes Fernando Henrique, George Bush, Tony Blair ou para o secretário geral da ONU, Kofi Anan interpelando-os a respeito de sua condenação ao massacre de inocentes, entre elas 9 crianças. Mas sei quantos escreveram a mim.
Vários dias depois da publicação, recebi da Federação Israelita, um pedido para que o artigo, que havia suscitado um grande debate (sic), fosse enviado por seu mail-list juntamente com meu e-mail para resposta. Agradeci a proposta e autorizei.
Cerca de 30% dos e-mails recebidos me cumprimentavam pelo artigo enquanto que 70% condenavam. Entre estes 70%, aproximadamente 50% era lixo resultante de pessoas que utilizavam palavras de baixo calão, chavões agressivos ou que não expressavam opinião alguma, apenas xingamentos. Os outros 20% foram de pessoas que discordavam de forma elegante e educada. Para estas e aquelas que me cumprimentaram, enviei uma resposta.
Tudo isto foi feito de forma privada, ou seja, a cada uma que me enviou sua opinião a favor ou contra de uma maneira civilizada, enviei uma resposta privada. No entanto, uma das opiniões divergentes, a do Psiquiatra Jorge Ignácio, tornou-se uma discussão pública. Minha resposta privada a ele, e as suas a mim, passaram a ser distribuídas no mesmo mail- list.
Sem entrar no mérito de qual o propósito disso, achei por bem dar a esta discussão por concluída. Os motivos que me levam a isso são o fato de o assunto está esgotado e o que se propõe agora o Sr. Jorge Ignácio, é que eu lhe sirva de escada para poder expressar as suas idéias como representante, ou não, da Federação Israelita.
Minha sugestão é de que ele e todo aquele que comunga com suas idéias, façam o que venho fazendo: escrevam. Ponham suas opiniões no papel e enviem para seus amigos, para os jornais etc. Façam com que sua voz seja escutada. Com certeza, vocês irão comprovar que existem muitas pessoas que como vocês, concordam que não existe um povo palestino. E se eles não existem então podemos continuar ocupando e colonizando os territórios. E se por causa desta política existirem insurgentes, eles devem ser eliminados sem direito a um julgamento. Para que possam ser eliminados não importam os meios, mesmo que signifique a morte de inocentes. Esta terra é nossa por desígnios divinos. Está na Bíblia. Portanto todos os não judeus que a ocupam devem ser tratados como invasores. E finalmente quando o primeiro ministro de Israel implementar estas ações, aplaudam e comemorem.
Meus artigos vão continuar atacando a toda forma de violência que traga mais violência. Vou continuar bradando contra os terroristas que atacam civis israelenses da mesma forma e com a mesma intensidade com que não vou permanecer calado enquanto Israel se transforma em um Estado Terrorista. Faço votos que não apenas a Zero Hora, mas que outros jornais os publiquem. Desta forma, mais e mais pessoas vão saber que existem outras formas de se encarar o conflito.
Como membro e apoiador do campo pacifista vou continuar a luta na busca do retorno as conversações que levem a paz e a reconciliação. Este é o meu papel a cumprir. Cumpram vocês os seus.